quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

this is the end. tire suas coisas do meu quarto. leve a tristeza e esse desgosto com você. me deixe sozinha com meu coração que ainda é seu. você matou meu amanhã e transformou o doce blues do meu amor em um blues amargo. meu coração sangra com uma dor que me faz recusar qualquer tentativa sua de aproximação. você interrompeu nossos versos com essa maldita falta de lealdade. odeio ter mil razões para te odiar, e ainda assim, te amar. junte todos os seus discos e vá embora - desamarre esses laços e me desata de ti - eu já não quero mais teus carinhos diários. não preciso mais dos teus dedos quentes passeando pelo meu corpo nos domingos frios e chuvosos. nem da tua boca e nem do teu cheiro de manhã cedo. eu não quero mais tuas adoráveis perversões às duas da madrugada. não quero mais essa história de ser seu norte, seu sul e seu leste - não me consuma mais - não quero mais esse amor fajuto e vicioso.não quero mais seus beijos e nem suas mordidas, nem sua voz gostosa no meu ouvido, não quero mais suas histórias e nem seu humor encantador. não me quero mais em cima de você com você dentro de mim. não quero mais o gosto do seu corpo, nem do seu café.sabe, é engraçado lembrar que você que cantava don't let me down, e eu sorria e dizia: não se preocupe. e por ter fé em nós, reservei todas as minhas danças pra você. ai como fui tola! agora estou aqui, imersa em emoções contraditórias, confusas, somadas a dor e raiva. me encontro e me desencontro o tempo todo - nonsense - nem sei mais o que escrevo. me disperso entre o ódio e o amor que ainda sinto. hoje nos transformamos em passado antes de sermos futuro. nos perdemos no caos da desordem sem nexo. meu deus, o que estou dizendo? não estou mais dizendo coisa com coisa. não tente entender, apenas tire tudo que me lembrar você do meu quarto. tire também o cheiro de amor impregnado no meu travesseiro. cheiro de amor cinico. não quero mas a certeza histérica de te amar.[ouço beatles agora. ouvir beatles nunca foi tão doído]sinto um medo das manhãs áridas e cheias de solidão que vão chegar. nessas manhãs eu amargarei a tua falta de lealdade tomando um café ruim e fumando um cigarro barato. que droga. preciso me afogar nos meus lençóis e esquecer nossas memórias. senão não vou sobreviver aos malditos domingos que virão. vou procurar festas onde posso ouvir rock. quem sabe eu consiga te exorcisar. fingirei por enquanto que não quero mais amar novamente. e escondida de mim mesma vou ouvir carlos gardel e sentir meu existir sem ti, doer. não, não pense que mudarei de idéia. esse é apenas meu jeito estranho de te mandar embora. vá embora, leve seus trapos. não se preocupe, não vou te cobrar pelo estrago. mas por favor, vá embora, preciso de tempo pra juntar meus cacos. é que eu não sou feita de pedaços, não nasci pra ser metade. preciso voltar a ser inteira novamente. enquanto isso, terei dias de noites díficeis. apesar da minha fúria, sei que vai ser difícil acordar, não tomar o seu café, e ver que você me deu mesmo ouvidos e tirou tudo do meu quarto.
ah, por favor, deixa o disco Sgt. Peppers dos Beatles. é que você se apaixonou por mim quando eu disse que ele parecia antigo e, no entanto, não havia nada mais novo e revolucionário. lembro de você me encarando com cara de bobo quando eu disse isso. foi quando nos beijamos a primeira vez naquele buteco sujo. semanas depois compramos ele juntos e assinamos nossos nomes na capa. é a única lembrança que quero guardar de nós dois.lembro agora que você gostava de dizer que tudo na vida era fulgaz, e agora eu completo: inclusive nós....meu amor, meu único desejo é ficar violentamente na sua memória, de uma forma que você enlouqueça tentando encontrar meus timbres em outras risadas e não encontre. quero que isso cause uma dor e uma tristeza que de tão grande, não vai caber em seu coração. e que isso te dilarece por dias e noites. então quem sabe, você entenda essa maldita dor que sinto agora...




("roubado" do www.entrenaminhadanca.blogspot.com )